Filmes x Livros

Que atire a primeira pedra a pessoa que nunca ouviu alguém dizer: Ah, eu achei o livro mais legal que o filme. Esse tipo de comentário sempre acontece nos corredores de saída de um cinema ou numa rodinha de discussão entre amigos. E raramente você ouvirá alguém dizer que achou o filme melhor. Se alguém disser isso é porque não prestou atenção ao livro.

Bem, neste caso, peço que comparem um quadro a uma caixinha artesanal, uma música a uma escultura, uma peça de teatro a um solo de violino. Tudo o que citei é arte, são áreas artísticas distintas que utilizam formas totalmente diferentes de expressão.
Quem escreve livros também faz arte, é uma obra prima conseguir aglomerar milhares de palavras de forma que a pessoa que ler consiga criar uma história inteira em sua cabeça. As palavras precisam ser escolhidas com calma, porque cada uma delas contribuirá para que o leitor consiga imaginar detalhes mínimos nas personagens, no ambiente, na trama, em objetos e até mesmo entender as personalidades em questão. E quando se trata de imaginação, não existe certo e errado, apenas diferente. É necessário utilizar dezenas de palavras para descrever uma única foto de um relógio, por exemplo.

Já os filmes tem um outro desafio. Quando o filme é baseado num livro, ele precisa apresentar a "forma física" de forma reconhecível com o livro. Se o livro diz que o vilão é alto e moreno, então é preciso ter um ator com essas características. Os maiores desafios do filme é criar uma atmosfera (trilha sonora, personalidade das personagens, clima, iluminação, ângulo das cenas, entre outras coisas) que lembre o filme. É importante ressaltar que essa atmosfera nunca será igual a do livro, isso porque quando você lê um livro, você cria tudo. É sua imaginação que desenvolve a trama. É impossível encontrar duas pessoas que tenham imaginado exatamente os mesmos detalhes físicos e psicológicos das personagens, que tenham imaginado o mesmo cenário... Enfim, as características serão sempre as mesmas, porque foi isso que o escritor lhe deu de informação, mas o processo criativo é singular.
Isso significa que o diretor, o produtor e até mesmo os atores leram os livros, mas cada um deles interpretou de sua própria forma e todas estavam corretas. O que vemos nas telas é um trabalho delicado e demorado em que todas as criações de todas as pessoas envolvidas no filme são cruzadas. Além disso é preciso também considerar as adaptações. A cena de um beijo num livro tem todo um preparo e algumas páginas de ansiedade, o que seria chato demais num filme. Por isso a cena de um beijo é indicada por músicas, olhares, mudança na iluminação do ambiente e um foco muito bem feito na cena.

Tudo que tentei explicar acima é para provar que livros e filmes são artes totalmente diferentes e igualmente maravilhosas. Por isso a comparação é inútil, o livro sempre parecerá mais completo porque nós conseguimos julgá-lo melhor, por não ter tantos detalhes como maquiagem, efeitos especiais, iluminação, efeitos sonoros e outros detalhes técnicos que os filmes tem e que não notamos com clareza enquanto nós os assistimos. Por isso eu digo que não comparo filmes e livros, apenas aprecio as duas artes.

Mas faço uma observação. Não compará-los não quer dizer que os dois serão sempre bons. Aqui entra o julgamento de cada um, assim como o gosto de cada um. Você pode amar um livro e odiar o filme, desde que consiga julgá-lo de forma singular e com todas as dificuldades técnicas que o envolvem.

Essa é minha opinião sobre o assunto. E a sua?